No Brasil a prática de celebrar a renovação chega de forma oficialmente no período da romanização da igreja católica no país, por volta do século XIX. Nessa época entronizam-se imagens do Sagrado Coração em vários ambientes públicos e residências de famílias abastadas. Mas é no sertão do interior cearense, mais precisamente em Juazeiro do Norte que, incentivada por Padre Cícero Romão Batista, essa devoção se torna sinônimo de religiosidade popular.
Vindo do Seminário da Prainha, em Fortaleza, recebendo instruções dos padres lazaristas Padre Cícero trouxe para o povoado de Juazeiro, do qual é considerado fundador, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e o costume de que nas casas fosse mantido um pequeno altar e entronizada em local de destaque a imagem do Sagrado Coração.
Ao redor dos altares domésticos os juazeirenses celebravam a entronização e realizavam a renovação do ato de acordo com os ensinamentos do Padre Cícero². Logo o rito religioso foi ganhando ares de festa familiar. Tornou-se comum que a data escolhida para fazê-lo fosse propositalmente o dia de aniversários de casamento e de nascimento de membros da família.
O conhecido milagre de juazeiro, fenômeno em que na hora da comunhão partículas da hóstia dadas pelo padre Cícero teriam se convertido em sangue na boca da beata Maria de Araujo, fariam as praticas de devoção ao Sagrado Coração ganhar mais fervor na localidade. Acontece que a transubstanciação acontece em um dia de primeira sexta-feira em que as beatas comungavam atendendo as recomendações de Cristo em uma das suas promessas em Paray-Le-Monial.
O povoado de Juazeiro do Norte se tornou cidade de notável ascensão econômica, mas o hábito de celebrar a renovação não foi esquecido com as mudanças dos novos tempos. As famílias adaptaram a celebração³ ao estilo da vida contemporânea, mas continuaram com as recomendações do “Padim Ciço”.